A Google desenvolveu inteligência artificial capaz de aprender a jogar video games clássicos. Você muito provavelmente perdia para ela a jogar.
Os computadores já batem os humanos no xadrez e agora também são melhores que os seres humanos em vários jogos de arcade clássicos.
Uma equipe de cientistas da Google criou um programa de computador com inteligência artificial que pode aprender a jogar jogos de vídeo da Atari 2600, usando apenas o mínimo de informação de fundo para aprender a jogar.
Imitando alguns princípios do cérebro humano, o programa é capaz de jogar no mesmo nível de um jogador profissional humano, ou melhor, na maioria dos jogos, relataram os pesquisadores a 25 de fevereiro na revista Nature.
Esta é a primeira vez que alguém constrói um sistema de inteligência artificial (IA) que pode aprender a destacar-se numa ampla gama de tarefas, disse Demis Hassabis, pesquisador de IA no Google DeepMind, em Londres, e coautor do estudo.
Futuras versões deste programa de inteligência artificial poderiam ser usadas em aplicações de tomada de decisões mais gerais, desde carros sem motoristas até a coisas que implicam previsão, disse Hassabis.
Aprendizagem por reforço
Os seres humanos, e outros animais, aprendem por reforço - engajam-se em comportamentos que maximizam alguma recompensa. Por exemplo, as experiências prazerosas fazem com que o cérebro liberte o neurotransmissor químico dopamina.
Mas, a fim de aprender um mundo complexo, o cérebro tem que interpretar a entrada dos sentidos e usar esses sinais para generalizar as experiências passadas e aplicá-las a novas situações.
Quando o computador Deep Blue da IBM derrotou o mestre de xadrez Garry Kasparov, em 1997, e o computador Watson ganhou o "Jeopardy!", em 2011, essas proezas técnicas foram considerados impressionantes, mas eram habilidades principalmente pré-programadas.
Em contraste, o novo DeepMind IA é capaz de aprender por si próprio, usando o reforço. Para desenvolver o novo programa de IA, Hassabis e seus colegas criaram uma rede neural artificial com base na "aprendizagem profunda", um algoritmo de aprendizado de máquina que constrói progressivamente representações mais abstratas de dados brutos.
Jogar video games
Os pesquisadores testaram o programa em 49 jogos clássicos da Atari 2600, como "Pong" e "Space Invaders". As únicas peças de informação sobre o jogo que o programa recebeu foram os pixels na tela e o resultado do jogo. Veja abaixo o video da experiência.
"O sistema aprende a jogar pressionando teclas aleatoriamente", a fim de atingir uma pontuação alta, disse o Volodymyr Mnih, também cientista pesquisador do Google DeepMind e coautor da pesquisa. Após algumas semanas de treino, o programa já jogava tão bem como os humanos profissionais em muitos dos jogos, disseram os pesquisadores.
O programa conseguiu obter 75 por cento da pontuação humana em mais da metade dos jogos, acrescentaram os cientistas. De forma surpreendente, o programa conseguiu descobrir estratégias de jogo que nem mesmo os pesquisadores tinham pensado.
Por exemplo, no jogo "Seaquest", o jogador controla um submarino e deve evitar, recolher ou destruir objetos em diferentes profundidades. O programa IA descobriu que poderia permanecer vivo ao simplesmente manter o submarino logo abaixo da superfície, disseram os pesquisadores.
Tarefas mais complexas
O programa também faz uso de uma outra característica do cérebro humano: a capacidade de recordar experiências passadas e reproduzi-las, a fim de orientar as ações (um processo que ocorre numa região do cérebro em forma de cavalo-marinho chamada hipocampo).
Da mesma forma, o programa armazena "memórias" das suas experiências, e usa-as no seu processo de tomada de decisões durante o jogo. Mas os cérebros humanos não se lembram de todas as experiências da mesma maneira.
Elas estão enviesadas uma vez que os humanos lembram-se de eventos mais emocionalmente carregados, que são susceptíveis de ser mais importantes. Futuras versões do programa devem incorporar esse tipo de memória tendenciosa, disseram os pesquisadores.
Agora que o seu programa dominou os jogos de Atari, os cientistas estão a começar a testá-lo em jogos mais complexos que surgiram a partir dos anos 90, tais como jogos de corrida 3D. "Em última análise, se este algoritmo pode conduzir um carro em jogos de corrida, com alguns ajustes extra, também deve ser capaz de conduzir um carro a sério", disse Hassabis.
Além disso, as versões futuras do programa IA podem ser capazes de fazer coisas tais como planear uma viagem à Europa, reservando todos os voos e hotéis. Mas "estamos mais animados sobre o uso de IA para nos ajudar a fazer ciência", concluiu Hassabis. [Livescience]
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